Monday, August 28, 2006

Dos Pontos

O enfeite cheio de plásticos, papéis, laços coloridos e frufruzinhos que envolviam as flores que acabara de ganhar foi devidamente abraçado por ela, meio a contragosto, mas foi. Flores são bonitas, mas são meio sem graça; elas morrem rápido e fácil demais tadinhas, e essas não são as minhas prediletas, completa falando sozinha, mas com um brilho nos olhos. Não sabia quem havia lhe mandado as flores, apesar de um cartão que as acompanhava e que não esclarecia nada, muito pelo contrário, piorava tudo. Um total de cinco letras acompanhadas de cinco pontos era tudo o que ela tinha para saber quem é o bendito que nem assinou o cartão! Pontinhos dos infernos!!! Sempre foi péssima em jogos, quebra-cabeças, adivinhações, que brincadeira mais sem graça, surpresas não são para ela. Surpresas a irritam a ponto de causar um súbito mau-humor, e quanto mais pensava em colocar sentido às letras (e aos pontos! - dos infernos), mais se irritava, cada vez mais longe da resposta, cada vez mais a sua ira crescia. Se fossem dele, ele teria assinado. Ou não?! Mais uma vez pensava que não gostava dessas brincadeiras... Colocou as flores no vaso mais bonito, e deixou bem no centro da sala, como se isso ajudasse a revelar o mistério de quem as mandou. Só vários dias depois, quando estivesse para jogá-las fora é que saberia quem as mandou e o que mais tinha naquele enfeite além das flores.

Sim, eram dele. E o que mais tinha? Ela esperava encontrar o ponto final, acabou por encontrar as reticências do amor que ainda existia.

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